Certa vez, Rômulo um amigo meu que não vejo já há algum tempo, me emprestou um livro chamado "Poemas Místicos", da coleção de poemas Divan de Shams de Tabriz escritos no séc. XII pelo poeta persa Jalal ud-Din Rumi, conhecido também no Oriente por Maulana Rumi e no Ocidente apenas de Rumi, como consta a Introdução de Poemas Místicos, segundo o teólogo Leonardo Boff, Rumi era um erudito professor de teologia, zeloso nos exercícios espirituais. Tudo mudou quando se encontrou com a figura misteriosa e fascinante do monge errante Shams de Tabriz. Como se diz na tradição sufi, foi "um encontro entre dois oceanos". Esse mestre misterioso iniciou Rumi na experiência mística do amor. Seu reconhecimento foi tão grande que lhe dedicou todo um livro com 3.230 versos o Divan de Shams de Tabriz. Divan significa coleção de poemas. Lê-se na poesia de Maulana Rumi, uma contemplação a vida ao mesmo tempo, uma árdua jornada em busca de autoconhecimento e trocas existenciais, Jalal deixa no leitor um sentimento de se aprofundar desde já nas coisas mais simples da vida como olhar atentamente o céu, ao amor pela unidade e a existência como um todo. Acabou Romulo, me presenteando com o livro, por quem sou muito grato e se para Jalal a forma em seus minimos detalhes é de uma voluptuosa vontade de viver, que o faz um dos poeta místicos mais importantes da história, Rômulo também sempre me inspirou com sua alegria de viver, desde quando viajamos juntos para a Chapada Diamantina, na Bahia. Lendo esse lindo livro, que veio parar em minhas mãos, sobre o quanto Rumi contempla o que há de mais belo na vida do ser, ao mesmo tempo que nos faz adentrar nas fabulosas histórias persas, tão cercadas de mitos e curiosidades, fica a primeira dica de livro do Blog, para quem gosta de poemas que inspiram as manhãs, tardes e noites de nossa jornada terrestre. Seguindo o pensamento de que os livros não param em nossas mãos por acaso, agradeço Rômulo mais uma vez que por sinal tem traços fortes de um bom rapaz persa. Que em uma bela manhã por sugestão, Rômulo que pela última vez que nos trombamos, estava estudando acupuntura possa me fazer uma sessão e batermos um bom papo sobre Rumi, também conhecido como poeta do amor, que ilustre nossas vidas com um sopro místico conforme sua poesia nos deixou.
A evolução da forma
Toda forma que vês
tem seu arquétipo no mundo sem-lugar.
Se a forma esvanece, não importa,
permancece o original.
As belas figuras que viste,
as sábias palavras que escutaste,
não te entristeças se pereceram.
Enquanto a fonte é abundante
o rio dá água sem cessar.
Por que te lamentas se nenhum dos dois se detém?
A alma é a fonte,
e as coisas criadas, o rios.
Enquanto a fonte jorra, correm os rios.
Tira da cabeça todo o pesar
e sorve aos borbotões a água deste rio.
Que a águanão seca ela não tem fim.
Desde que chegaste ao mundo do ser,
uma escada foi posta diante de ti, para que escapasses.
Primeiro, foste mineral;
depois, te tornaste planta,
e mais tarde, animal.
Como pode ser isto segredo para ti?
Finalmente foste feito homem,
com conhecimento, razão e fé.
Contempla teu corpo-um punhado de pó -
vê quão perfeito se tornou!
Quando tiveres cumprido tua jornada,
decerto hás de regrassar como anjo;
depois disso, terás terminado de vez com a terra,
e tua estação há de ser o céu.
Passa de novo pela vida angelical,
entre naquele oceano,
e que tua gota se torne mar,
cem vezes maior que o Mar de Oman.
Abandona este filho que chamas corpo
e diz sempre "Um" com toda a alma.
Se teu corpo envelhece, que importa?
Ainda é fresca tua alma.
Jalal ud-Din Rumi.
Ouvindo: Manhã de Carnaval - Paula Morelembaum & Ryuichi Sakamoto
A evolução da forma
Toda forma que vês
tem seu arquétipo no mundo sem-lugar.
Se a forma esvanece, não importa,
permancece o original.
As belas figuras que viste,
as sábias palavras que escutaste,
não te entristeças se pereceram.
Enquanto a fonte é abundante
o rio dá água sem cessar.
Por que te lamentas se nenhum dos dois se detém?
A alma é a fonte,
e as coisas criadas, o rios.
Enquanto a fonte jorra, correm os rios.
Tira da cabeça todo o pesar
e sorve aos borbotões a água deste rio.
Que a águanão seca ela não tem fim.
Desde que chegaste ao mundo do ser,
uma escada foi posta diante de ti, para que escapasses.
Primeiro, foste mineral;
depois, te tornaste planta,
e mais tarde, animal.
Como pode ser isto segredo para ti?
Finalmente foste feito homem,
com conhecimento, razão e fé.
Contempla teu corpo-um punhado de pó -
vê quão perfeito se tornou!
Quando tiveres cumprido tua jornada,
decerto hás de regrassar como anjo;
depois disso, terás terminado de vez com a terra,
e tua estação há de ser o céu.
Passa de novo pela vida angelical,
entre naquele oceano,
e que tua gota se torne mar,
cem vezes maior que o Mar de Oman.
Abandona este filho que chamas corpo
e diz sempre "Um" com toda a alma.
Se teu corpo envelhece, que importa?
Ainda é fresca tua alma.
Jalal ud-Din Rumi.
Ouvindo: Manhã de Carnaval - Paula Morelembaum & Ryuichi Sakamoto
Um comentário:
'Se teu corpo envelhece, que importa?
Ainda é fresca tua alma.'
tua alma vibra
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