quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Os novos trovadores

A nova safra de compositores e músicos estadunidenses, herdeiros direto da tradição folclórica e country vem trazendo bons e admiráveis talentos, o cancioneiro americano nunca esteve tão forte revelando promissores jovens com ótimos discos e boas idéias na década 00 deste novo século. Jovens nascidos na década de 80 que cresceram ouvindo Bob Dylan, Leadbelly, Crosby, Stills, Nash & Young, Beach Boys e referencias de suas regiões em questão, trouxeram um frescor e um direcionamento interessante para a música norte-americana fora dos holofotes da grande mídia. Aponto alguns grandes talentos surgidos na primeira década do século XXI, que prometem dar ainda muita boa música para o planeta. Para começar chamo a atenção do grupo Fleet Foxes, uma das minhas bandas preferidas dessa década e uma das mais talentosas do cenário indie folk rock. A banda de Seattle (Washington, EUA) é responsável por belas melodias, utilizando harmonias vocais bem estruturadas e complexas, criando climas distintos, com letras que exaltam a paisagem de um Estados Unidos rural, como por exemplo em Tiger Mountain Peasant Song, Ragged Wood, Meadowlarks e Blue Ridge Moutains, música que cita a cadeia de montanhas pertencentes ao complexo dos Apalaches que percorre diversos estados no leste dos Estados Unidos. Exaltado e elogiado por diversas alas da imprensa alternativa estadunidense, inclusive no criterioso site de música independente Pitchfork, o grupo ficou entre os melhores discos de 2008, ano de lançamento de seu primeiro disco pela gravadora Sub Pop de Seattle e também figurou nos 50 melhores discos da década 00 em algumas listas. Com suave melancolia na medida certa e melodias bem construídas que grudam na cabeça, uma definição justa para descrever o som do Fleet Foxes, seria a qual o jornalista Thiago Ney escreveu em matéria publicada no jornal Folha de São Paulo: “uma quase experiência religiosa”. O entusiasmo em torno do grupo, se dá principalmente pela beleza de suas canções e pelas harmonias vocais bem estruturadas, provocando sensações diversas no ouvinte, seja de nostalgia ou de contemplação as paisagens rurais, seja elas de qualquer lugar, são montanhas, lagos e florestas descritas nas canções desse sensacional grupo de Seattle. Ainda na matéria da Folha, o tecladista Casey Wescott dá a seguinte declaração: "Crescemos ouvindo Beach Boys e bandas que se preocupavam com a harmonia das canções, então há uma preocupação com isso nas nossas músicas. Pensamos nos arranjos vocais, na forma como as letras são cantadas. A melodia tem de ser forte...". Além de Casey Wescott nos teclados e vocais, o Fleet é formado por Robin Pecknold, vocalista e guitarrista; Skye Skjelset, guitarrista; Joshua Tillman, baterista e vocalista; e Christian Wargo, baixista e vocais. O som do grupo é definido pelos próprios integrantes como “baroque harmonic pop jams”, algo como um pop barroco harmonico. Robin Pecknold, o principal compositor do conjunto e vocalista a frente das canções já tentou explicar a origem das músicas da banda da seguinte maneira: "Nos sentimos bem-sucedidos se fazemos uma canção em que cada instrumento faz algo interessante e melódico. Nos inspiramos na tradição da música folk, pop, corais gospel, psicodelia barroca, música da Costa Oeste [dos EUA], música tradicional da Irlanda e do Japão, trilhas sonoras. E somos inspirados pela música de nossos amigos de Seattle". É percebido nas influências do grupo, além das já citadas bandas Beach Boys e CSN & Y, também Stelleye Span, Trees, My Morning Jacket, Dungen, The Zombies e até Os Mutantes e Gilberto Gil conforme citado nos agradecimentos no encarte do disco. O Fleet Foxes lançou um EP chamado Sun Giant, além de um álbum autointitulado Fleet Foxes, os dois em 2008. Outro jovem trovador é o cantor e compositor Pete Molinari nascido em Chatham, Kent (Inglaterra), traz consigo na bagagem a herança dos trovadores de country-blues, folk e rock n roll dos primórdios. Pete entoa aquelas baladas a la Elvis Presley e Roy Orbison tocadas ao violão diante de sua pretendente que são bastante identificáveis na proposta do artista, a influência de Leadbelly também está presente no som de Pete e em alguns momentos sua voz se asemelha bastante a de Bob Dylan, nas fases de Blonde on Blonde e Nashville Skyline. Gostaria de destacar também outros compositores da década 00 que admiro como Bon Iver, já citado nesse blog e o multi-instrumentista Matthew Howk, mentor por trás do Phosphorescent que já lançou um EP e cinco álbuns, incluindo o recente e ótimo “Here´s to talking it easy” (2010). O grupo se joga na fonte de um contry folk-rock experimental com uma interessante sonoridade lo-fi e criativa. Em 2009, Matthew lançou com seu Phosphorescent, um álbum em homenagem ao músico country Willie Nelson, intituado “To Willie”, onde revisita músicas do velho cantor country de maneira original e interessante. Os novos trovadores estão aí, enriquecendo o cancioneiro do rock mundial e adentrando em um novo século com belíssimas canções. Abaixo o link do sensacional disco do Fleet Foxes. Boa Viagem!!!
Link:

Ouvindo: Fleet Foxes - Ragged Wood

Um comentário:

Marina disse...

cara!!! tinha que ter um botão de "curtir" no blogger tb. essa onda folk que vc tem é bem massa. eu adoro!
bjos