Tudo se transformou, a paixão veio repentina, mas nesse momento só sou eu, eu e o meu fôlego, adentrando no prestígio dessa noite. Ando meio cansado, cansado, porém vivo. Nesse instante o vento me leva até a ponte, nessa ponte eu e meu saxofone levam a música e o sentimento do meu coração pra fora. Me afastei um pouco, o pouco que dois discos de sucesso me esvaziaram, minha música não tem regras, não é ditada por nenhum homem de negócios, eles não podem beber do meu vinho, muito menos se alimentar da minha chama. Minha melodia é levada por entre os vultos da cidade, o Brooklyn que parece tão distante ao mesmo tempo tão próximo, leva meu clamor a se suicidar para renascer um novo homem, um novo músico. Cresci no Harlem, envolto da nata jazzistica desse planeta e sei agora que Parker e Hawkins podem ouvir meu blues aonde estiverem. Eu procuro estar aqui agora e me conectar com meu verdadeiro som, com a minha música interior.
Esse texto foi inspirado em um trecho da vida do saxofonista Sonny Rollins. Abaixo o link de um de seus disco - Sonny Rollins - The Bridge.
Ouvindo: Sonny Rollins - God Bless the child
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